Porto de Shanghai rompe recorde: 50 milhões de TEUs movimentados

Porto de Shanghai rompe recorde: 50 milhões de TEUs movimentados

Postado por Davi Augusto Ativar 17 out, 2025 Comentários (1)

Quando Porto de Shanghai bateu a marca de 50 milhões de TEUs em um só ano, o mundo do comércio marítimo ficou em silêncio por alguns segundos – e depois explodiu em manchetes.

Foi no domingo, 22 de dezembro de 2024, que o complexo portuário atingiu o recorde, com 14 navios cargueiros gigantes amarrados simultaneamente no terminal de Yangshan, enquanto cada cais operava a plena capacidade. A notícia vem depois de 14 anos consecutivos no topo da lista global de movimentação de contêineres.

Contexto histórico do porto

Desde que o Porto de Shanghai registrou sua primeira movimentação de 1 milhão de TEUs em 1994, o crescimento tem sido quase linear. Em 2005, a gestão foi assumida pela Shanghai International Port (Group) Co., Ltd, que desde então investiu pesado em automação, expansão de cais e tecnologia de rastreamento.

Os números falam por si: de 1994 a 2023, o volume subiu de 1 milhão para quase 47 milhões de TEUs. O salto para 50 milhões representa um avanço de 6,4% em relação a 2023.

Detalhes do recorde de 2024

Os dados oficiais divulgados pelo SIPG mostram que, em 2024, o porto movimentou 51,5 milhões de TEUs – um crescimento de 4,9% em relação ao ano anterior – e 580,5 milhões de toneladas de carga total, up 3%.

Mas a coisa mais impressionante foi a taxa diária. Wei Rongchun, vice‑capitão da Estação de Fronteira de Yangshan, explicou que as inspeções médias subiram para 27 viagens internacionais por dia, 4,3% a mais que em novembro.

Por que esse aumento súbito? O outono de 2024 trouxe tufões e frentes frias que atrasaram as operações em novembro, empurrando a demanda para dezembro. Quando o clima se estabilizou, o porto trabalhou como uma máquina bem lubrificada – logo que um navio parte, outro já está atracado.

Reações dos executivos e autoridades

"O crescimento da movimentação de contêineres indica que o sistema industrial completo e a capacidade de fabricação da China continuam fortalecendo o comércio global", declarou Yang Yanbin, vice‑gerente geral do departamento de produção e negócios da SIPG.

Yang acrescentou que não se trata apenas de exportações de carga pesada, mas também de um aumento nos serviços de transferência de navio‑para‑navio e nos contêineres de re‑expedição internacional.

Em outra frente, Luo Wenbin, gerente geral da SIPG Energy, anunciou a ambiciosa meta de transformar o porto num "centro de abastecimento de energia verde" até 2030. Ele detalhou o plano "duplo 100": um milhão de metros cúbicos de GNL e um milhão de toneladas combinadas de metanol verde, biocombustíveis e outros.

Impactos econômicos e estratégicos

Impactos econômicos e estratégicos

Os especialistas apontam que o recorde reforça a posição da China como ponto de convergência da cadeia de suprimentos global. Isso significa menor tempo de trânsito para fabricantes europeus e americanos que dependem de insumos asiáticos.

Além disso, o porto mantém rotas estratégicas com a Rússia – via Aurora Line para São Petersburgo – e com a Rota do Mar do Norte, usada pela NewNew Shipping Line. Essas ligações diversificam ainda mais as opções de frete, reduzindo a dependência de rotas tradicionais.

  • Participação de mercado global de contêineres: 22% (2024)
  • Crescimento anual médio nos últimos 5 anos: 4,2%
  • Investimento em energia verde projetado até 2030: US$ 2,3 bilhões

Planos de sustentabilidade e energia verde

O "duplo 100" não é só discurso. Luo revel​ou que já foram instalados dois terminais de abastecimento de GNL, com capacidade total de 600 mil metros cúbicos, e que a primeira fase da planta de metanol verde começará a operar em 2026.

Segundo o relatório de sustentabilidade da SIPG, a emissão de CO₂ do porto caiu 12% entre 2019 e 2023, graças a sistemas de energia solar nos telhados dos armazéns e à eletrificação dos guindastes.

O objetivo é alcançar neutralidade de carbono até 2040 – um marco que, se atingido, colocará Shanghai à frente de Londres, Rotterdam e Singapura em termos de porto "verde".

Perspectivas para 2030 e além

Perspectivas para 2030 e além

Nos primeiros dois meses de 2025, a movimentação já apontava crescimento de 7% em TEUs, sinalizando que o recorde de 2024 pode ser apenas o começo. Analistas preveem que, se a taxa de crescimento mantiver entre 4% e 5% ao ano, o porto pode alcançar 60 milhões de TEUs já em 2028.

Mas nem tudo é otimista. Riscos climáticos, tensões geopolíticas e possíveis gargalos em rotas terrestres podem frear o ritmo. Por isso, a estratégia de diversificação – energia verde, rotas do Ártico, integração com ferrovias de alta velocidade – é crucial.

Em resumo, o Porto de Shanghai não só quebrou um recorde numérico, como também está redefinindo o que significa ser um hub logístico do futuro – mais rápido, mais limpo e mais conectado.

Perguntas Frequentes

Como esse recorde impacta os exportadores brasileiros?

Com o Porto de Shanghai movimentando mais de 50 milhões de TEUs, as rotas de exportação de soja, carne e minério ganham eficiência. Os tempos de embarque podem cair de 12 para 8 dias, reduzindo custos logísticos e tornando os produtos brasileiros mais competitivos no mercado asiático.

Quais são os principais desafios para atingir a meta "duplo 100"?

Os maiores obstáculos são a disponibilidade de GNL a preços estáveis e a produção em larga escala de metanol verde. A SIPG ainda depende de importações de hidrogênio verde, e a infraestrutura de transporte interno de combustíveis limpos precisa de investimentos adicionais.

Como as rotas do Mar do Norte influenciam o volume de contêineres?

A abertura da Rota do Mar do Norte encurta a distância entre a Europa e a Ásia em até 2.000 km. Isso faz com que navios escolham Shanghai como ponto de transbordo, aumentando o tráfego de contêineres de reposição e de carga de alto valor agregado.

O que esperar da movimentação de contêineres em 2025?

Com o início do 2025 já mostrando crescimento de 7% nos primeiros dois meses, projeta‑se que o porto ultrapasse 55 milhões de TEUs até o final do ano, impulsionado por retomada da demanda chinesa e novas rotas de energia verde.

Como o Porto de Shanghai se compara a Rotterdam e Singapura?

Shanghai já supera Rotterdam e Singapura em volume total de TEUs, além de liderar em investimentos em energia limpa. Enquanto Rotterdam foca em tecnologia de automação, Shanghai combina automação com expansão de energia verde, o que pode consolidar sua vantagem competitiva.

Comentários

Elida Chagas
Elida Chagas
outubro 17, 2025 21:56

Ah, mais um recorde da “magnífica” máquina econômica chinesa, como se não bastasse o domínio já quase total sobre as rotas marítimas globais. Não é de se admirar que o Brasil ainda lute para ser notado nos corredores do comércio internacional.

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