Em um movimento que redefine a relação entre cidadão e Estado, o Rafael Fonteles, governador do Piauí, assinou em 16 de setembro de 2025 um decreto que torna obrigatória a emissão da Carteira de Identidade Nacional (CIN) para todos os servidores públicos estaduais — efetivos, comissionados, terceirizados, ativos, inativos e pensionistas. A medida, anunciada no Espaço da Cidadania Digital em Teresina, não é apenas um ato administrativo: é um sinal claro de que o estado está disposto a ser o primeiro no Brasil a ter toda a sua população documentada com o novo modelo de identidade. E o resultado já aparece: 40% dos piauienses já têm a CIN em mãos — mais de 1,5 milhão de documentos emitidos —, superando o Acre, que registra 28%. O Piauí não só lidera, mas está criando um padrão nacional.
Um município inteiro, um documento único
Novo Santo Antônio — um pequeno município de menos de 10 mil habitantes no interior do Piauí — tornou-se o primeiro lugar do país com 100% da população documentada com a nova CIN. Isso não é acaso. Foi fruto de campanhas itinerantes, parcerias com escolas, igrejas e associações de bairro, e um trabalho de campo constante. Enquanto outros estados ainda discutem logística, o Piauí já resolveu: ninguém fica para trás. O Instituto de Identificação Digital Félix Pacheco (IIDFP), vinculado à Secretaria de Estado da Segurança Pública do Piauí (SSP-PI), opera em mais de 190 postos distribuídos por todas as regiões do estado. A primeira via é gratuita. Basta CPF, comprovante de residência e certidão de nascimento ou casamento atualizada. Nada de burocracia desnecessária. Nada de filas eternas.Um documento que muda a vida real
A CIN não é só um papel novo. É um sistema. Ela usa o CPF como identificador único — algo que acaba com a bagunça de números diferentes em diferentes órgãos. Quem tem a CIN pode abrir conta no banco, acessar benefícios sociais, fazer exames no SUS ou até viajar para países do Mercosul sem precisar carregar vários documentos. E, se quiser, nem precisa do plástico: a versão digital está no app gov.br. O design é moderno, com QR Code, chip e elementos de segurança que dificultam falsificação. Mas o mais importante? A validade. Para menores de 12 anos, vale 5 anos. De 12 a 60 anos, 10 anos. Acima de 60, não tem prazo. E o velho RG? Ele vai perder a validade em 2032. A partir daí, só CIN, CNH ou passaporte serão aceitos no Brasil como documento de identidade oficial.Quem ganha com isso? Todos.
O impacto é imediato. Em novembro de 2025, durante a ação itinerante na Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), servidores puderam tirar a CIN sem sair do prédio. Luís Marcelo, superintendente da Semarh, explicou: “É valorização. Não adianta cobrar eficiência dos servidores se eles precisam perder um dia inteiro para tirar um documento que, na verdade, é direito.” E não é só isso. Mais de 117 mil estudantes entre 14 e 18 anos já se documentaram antes do Enem 2025, marcado para 9 e 16 de novembro. “Muitos perdem a prova por esquecerem o RG. A CIN é mais fácil de lembrar, mais segura, e não vence”, diz Marcelo Mascarenha, superintendente do IIDFP.O que os especialistas dizem?
A segurança do sistema gera debate. Isaías de Queiroz Ramos, professor de Cibersegurança da PUC-Campinas, alerta: “Nenhum sistema é 100% à prova de ataques. Mas o que o Piauí e o governo federal estão fazendo é construir maturidade digital — resiliência, não ilusão.” Ele elogia a integração entre bases de dados e a transparência no processo. “O Brasil já teve experiências fracassadas com identidade. Aqui, o foco está no cidadão, não no sistema.”Para onde vamos agora?
A meta é clara: 100% da população piauiense com a CIN até 2026. Para isso, o governo amplia as ações móveis, leva postos para feiras, escolas e até centros de saúde. O que antes era um sonho de cidadania digital virou realidade cotidiana. E o exemplo está sendo observado por outros estados. O Acre, que aparece em segundo lugar, já começou a copiar modelos piauienses. Mas o Piauí não para. Ele está mostrando que documentar a população não é uma tarefa burocrática — é um ato de justiça social. Quem tem identidade tem direitos. Quem tem direitos, tem voz. E o Piauí está dando voz a todos.Frequently Asked Questions
Como posso tirar a Carteira de Identidade Nacional no Piauí?
Basta ir a um dos mais de 190 postos de atendimento do Instituto de Identificação Digital Félix Pacheco, apresentar CPF, comprovante de residência e certidão de nascimento ou casamento atualizada. A primeira via é gratuita, e o processo leva em média 15 minutos. Também é possível agendar pelo app gov.br.
A Carteira de Identidade Nacional substitui o RG?
Sim, mas não imediatamente. O RG antigo ainda é válido até 2032, quando será descontinuado oficialmente. A partir dessa data, apenas a CIN, CNH e passaporte serão aceitos como documentos de identidade em todo o Brasil. Quem já tem a CIN pode descartar o RG, mas não é obrigatório trocar antes de 2032.
Por que o Piauí está tão à frente de outros estados?
Por causa de uma estratégia focada em acessibilidade e logística: postos móveis, parcerias com secretarias, ações em escolas e a eliminação de custos. O estado não espera que o cidadão vá até o governo — o governo vai até o cidadão. Isso, somado à liderança do governador Rafael Fonteles, criou um modelo replicável.
A versão digital da CIN tem o mesmo valor legal que a física?
Sim. A versão digital, acessada pelo app gov.br, tem validade jurídica plena e pode ser usada em qualquer serviço público ou privado que exija identificação. Ela é atualizada automaticamente, não vence e pode ser acessada mesmo sem internet, por meio de QR Code impresso.
Quais são as vantagens da CIN para estudantes que vão fazer o Enem?
Além de ser o único documento aceito após 2032, a CIN é mais segura e fácil de lembrar — basta saber o CPF. Mais de 117 mil estudantes piauienses já se documentaram antes do Enem 2025, evitando problemas no dia da prova. A SSP-PI recomenda que todos os candidatos verifiquem o documento com antecedência, pois não há remarcação por falta de identidade.
A CIN é válida para viagens internacionais?
Sim, mas apenas para países do Mercosul — como Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai. Não substitui o passaporte para viagens fora do bloco. Para esses destinos, o documento internacional continua sendo obrigatório. A CIN facilita a entrada em fronteiras do Mercosul, reduzindo filas e burocracia.